O atraso de desenvolvimento presente no autismo
dificulta a aquisição de habilidades, diferentemente de pessoas com
desenvolvimento típico, que a medida que crescem desenvolvem maior independência
de modo gradual e progressivo. Com isto, é necessário que seja ensinado às
pessoas com autismo tudo, até mesmo o que parece uma habilidade simples que ao
longo da vida aprende-se de forma espontânea, para eles tem que ser
ensinada.
Um problema levantado pelos pais de pessoas com autismo é a
dificuldade em tirar a fralda dos filhos.
Inicialmente, o mais importante
para começar o desfralde de alguma criança com autismo é ter em mente que será
necessário paciência, persistência e confiança, porque para obtermos sucesso no
desfralde, é indicado iniciar quanto mais cedo possível, em torno de dois anos e
meio e três anos de idade. E ao tomar a decisão de iniciar o desfralde, a fralda
não deverá mais ser colocada novamente na criança em nenhum momento seja para
dormir, passear de carro, ficar na escola.
Como já foi explicado
anteriormente crianças com autismo são diferentes de crianças com
desenvolvimento típico, sendo assim sua mente fica confusa, sem saber quando
pode fazer as necessidades na fralda ou não.
Pode ocorrer de algumas crianças
segurarem suas necessidades até o momento em que é colocada a fralda, por
fazerem associação de que xixi e cocô é só na fralda. Por isso é necessário que
ela associe as suas necessidades agora ao vaso sanitário e não seja mais
colocada a fralda.
É recomendado levar a criança ao banheiro com frequência,
inicialmente com pequenos intervalos de tempo, deixando sempre a criança no vaso
sanitário um tempo também inicialmente reduzido.
Começamos com os pequenos
intervalos de tempo que devem ser aumentados conforme o desenvolvimento do
ensino. Exemplo: iniciou-se o treinamento com um intervalo de dez em dez
minutos, deixando a criança de 30 segundos a um minuto no vaso sanitário, foi
observado que a criança está fazendo várias vezes as suas necessidades no vaso
sanitário, com isso pode-se aumentar o intervalo de tempo de idas ao banheiro
para 15 em 15 minutos e assim sucessivamente.
Sugere-se também registrar os
horários em que ocorrem o xixi e o cocô para ser possível ter uma noção de seus
horários e lhe dar uma idéia do tempo de intervalo que pode ser praticado com a
criança.
O tempo que se permanece no banheiro tem que ser prazeroso, deve-se
levar brinquedos, música, algo que seja bom e que a criança goste, para que a
ida ao vaso sanitário seja positiva e reforçadora a ela.
Lembrando das
palavrinhas chaves: paciência, persistência e confiança, deve-se durante a noite
acordar para levar a criança ao banheiro também. Recomenda-se que não dê muito
líquido a ela no período da noite. Se não for possível acordar a criança durante
a noite, devido a um distúrbio de sono, que seja colocada a fralda com ela
dormindo e retirada antes de acordar.
Quando fizerem qualquer necessidade no
vaso sanitário, deve-se elogiar e reforçar com algo que a criança gosta. A
questão do reforço é algo muito bom para obtermos resultados positivos, pois
motiva as crianças. Os reforços podem ser: receber um brinquedo, ouvir a música
que gosta, ver o DVD que gosta, ganhar uma guloseima (um pedaço de chocolate,
bala, salgadinho), cantar para ele ou apenas um elogio social (Muito bem!
Parabéns!) entre outras coisas que a criança goste.
Esses reforços também aos
poucos vão sendo retirados, assim que a criança começa a associar suas
necessidades fisiológicas ao banheiro e começa a obter o controle esfincteriano.
A retirada também deve diminuir aos poucos, em alguns momentos damos, em outros
não.
É importante ter sempre em mente que não tem um tempo certo para a
criança aprender, cada uma tem seu tempo.
Para obter sucesso é fundamental
que todos que estejam envolvidos com a criança ajam igualmente com ela. Se
apenas quando ela estiver com os pais ficar sem fralda, mas quando for para a
escola ou para a casa dos avôs ficar de fralda, o treinamento será muito sofrido
para a criança e a possibilidade de dar certo será menor.
Quando a criança
obteve o controle esfincteriano e aprendeu a usar o banheiro, o próximo passo a
ser ensinado deve ser ensinar-se a limpar-se com menos apoio.
Como em
qualquer ensino, o importante para que a criança obtenha maior nível de
independência e autonomia é não fazer nada por eles, e sim com eles, ou seja,
para ensiná-los a limpar-se é necessário dar apoio para a criança se limpar,
apoiando fisicamente sua mão e retirar essa ajuda gradativamente, aos
poucos.
É possível que algumas pessoas com autismo necessite sempre de um
pequeno apoio, mas é necessário que não desista de ensiná-los para que possam
alcançar pelo menos um pequeno nível de independência.
Durante o desfralde,
deve-se ficar atento a alguns sinais que podem vir a prejudicar a criança, como
segurar muito tempo a urina ou prisão de ventre. Inicialmente é normal ocorrer
prisão de ventre, porém, caso ocorra com freqüência, causando mal estar à
criança, é aconselhável procurar orientação médica, tanto para prisão de ventre,
quanto para segurar muito tempo a urina – para que não ocorra uma infecção
urinária.
Tudo isso é fundamental para dar a chance das crianças
desenvolverem suas habilidades de forma mais autônoma e independente, para uma
melhor qualidade de vida presente e futura.
Carolina Dutra Ramos é pedagoga, com habilitação em
educação especial e pós-graduada em Psicopedagogia, pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Trabalha na Associação Amigos do Autisa (AMA), de São
Paulo, desde 2004, e atualmente é coordenadora pedagógica das unidades Lavapés e
Luis Gama da instituição. E-mail: carol.dramos@uol.com.brretirado do BlogueCaminhos
do Autismo
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