Giovana, muito prazer!
Olá. Hoje vou falar um pouquinho do "grau" de autismo
da Gica. Sei que já falei sobre isso antes, mas as vezes ouço cada coisa... e
senti necessidade de colocar alguns pontos nos "is".
A Gica não tem qualquer tipo de retardo mental. Muito
pelo contrário. Ela é muito inteligente e esperta. Nos espanta a capacidade dela
em ser autodidata. Aprende muito facilmente e, na maioria das vezes, de forma
meramente "observadora". Já está lendo algumas palavras e sabe digitar seu nome
e o da mana. Também sabe o site que ela mais gosta (discoverykidsbrasil.com.br).
O alfabeto já sabe há um tempo, gosta das letras e se interessa em formar
palavras com elas. Também tem noção considerável dos números. Imagina histórias
com as figuras dos livros e conta, de acordo com a sua imaginação. Ela tem 4
anos, fala (aí tem alguma dificuldade, mas pouca - considerando que ela começou
a falar este ano) e gosta de sua independência. Escolhe os acessórios para o
cabelo, escolhe os brinquedos ou livros que quer levar no dia do brinquedo da
escola. Escolhe suas músicas favoritas ("avião sem asa", como ela diz). É um
tanto brabinha, discute com a irmã, quando esta não quer fazer o que ela
quer. Reclama comigo, quando o pai "ralha" com ela e, ao contrário também.
Geralmente escolhe o seu cardápio (massa com molho branco é o seu prato
favorito, além das batatinhas...).
Talvez algo que eu nunca tenha dito à vocês é que em
consulta com a neuropediatra Maria Sônia, eu fiz a pergunta que toda mãe de
autista quer saber: "- qual o grau..." mas ela adivinhou o que eu
perguntaria, e antes mesmo que eu terminasse, ela falou: "você quer saber o grau
de penetrância do autismo na Giovana?", eu acenei com a cabeça que
sim e ela me respondeu : "-baixo, muito
baixo"...
Engraçado é que nunca senti necessidade
de falar isso, mas ultimamente tenho tido
esta vontade, pois achei que devia compartilhar este "pequeno" detalhe. É claro
que fico extremamente feliz com esta impressão de uma médica atualizada,
informada e competente como a dra. Maria Sônia. Talvez nunca tenha falado nisso,
porque ultimamente virei uma defensora ferrenha de todos os autistas, sejam eles
de graus mais comprometidos ou não. Quem me conhece sabe o quanto luto pela
causa que abracei orgulhosamente. E sempre lutarei, mesmo que um dia eu receba a
maravilhosa notícia que minha filha não possui mais traços autísticos. É a minha
missão, mesmo. Amo todos, sem distinção e sonho em ser uma espécie de anjo da
guarda de cada um.
Então, voltando ao "grau" de autismo da Giovana, antes
de você olhar para mim ou para minha filha de uma maneira piedosa, saiba que o
que difere ela dos outros é meramente comportamental - e não capacitiva. E saiba
que ela ainda pode (e vai) te surpreender.
O que é mais gostoso do que tomar mamá no colo da profe? |
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